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Samba Dimigué


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Partido Alto é um estilo de samba em que os participantes inventam os versos na hora em que estão cantando. É um gênero de cantoria e, por vezes, é também uma forma de desafio.

É uma modalidade de samba no qual se alternam cantando dois ou mais solistas. Compõe-se de uma parte coral (refrão ou "primeira") e uma parte solo (música) na qual os versos são improvisados ou são tirados do repertório tradicional. Os versos podem se referir-se ou não ao assunto do refrão.

Entre grandes cultores do partido alto, ou "partideiros", pode-se citar Clementina de Jesus, Aniceto do Império, Geraldo Babão, Candeia, Padeirinho, e, atualmente, Xangô da Mangueira, Almir Guineto, Arlindo Cruz, Zeca Pagodinho, Cláudio Camunguelo, Dudu Nobre, Paulino Neves e outros

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Partido_Alto

 

 

O Samba no Brasil por Tia Ciata
 
Tia Ciata

Dentre todas as versões que contam as histórias do nascimento do Samba no Brasil, existe uma unanimidade: Hilária Batista de Almeida, com seus três apelidos: Tia Ciata, Tia Asseata ou ainda Tia Assiata. Nascida livre em 23 de abril de 1854, em Salvador,  foi juntamente com outras tias baiana a principal responsável pela desenvolvimento e consolidação do samba no Brasil. Foi no quintal da sua casa a fonte de inspiração do primeiro samba gravado no Brasil, em 1916  - "Pelo Telefone  de Donga e  Mauro de Almeida.
 
Baiana de Salvador. Cozinheira. Mãe de santo. Partideira e animadora cultural. Chegou ao Rio de Janeiro em 1876, aos 22 anos, indo residir inicialmente na Rua General Câmara mudou-se para a Rua da Alfândega e depois para Rua Visconde de Itaúna (próxima à Praça Onze), à época local conhecido como Pequena África, por conta da forte presença de negros baianos no local. Por ser uma mulher dinâmica e empreendedora, Ciata logo se destacou entre as baianas introdutoras do Samba no Rio de Janeiro, enquanto tirava seu sustento da cozinha típica baiana, vendendo quitutes em seu tabuleiro, dali passou a promover sessões de samba em sua casa.
 
Mãe de Santo afamada, Tia Ciata realizava rituais de culto aos orixás africanos. Cada vez mais popular, Tia Ciata recebia em sua casa um grande número de políticos, boêmios, músicos e batuqueiros para saborear pratos típicos, principalmente a moqueca. Seguindo uma natural inclinação ao samba, fundou (juntamente com tia Bebiana, mestre Germano e outros) o primeiro Rancho de Samba do Brasil - o grupo Rosa Branca, que percorria as ruas do Velho Rio com suas alegres pastoras (isso no fim do século XIX e princípio do século XX). O Rosa Branca contava com a presença da tia Bambina, Hilário (Lalau de Ouro), João da Mata, Minan, Didi da Gracinda, João Câncio, Carminha, João da Baiana, Sinhô, Donga, Heitor dos Prazeres, Pixinguinha e outros.
 
Os ranchos eram cordões mais completos, pois aparecia o elemento feminino. O conjunto instrumental era acrescido por instrumento de cordas, violões e cavaquinhos e de sopro, flautas e clarinetas. Tinha também o coro, para entoar a marcha do rancho. Havia um porta-estandarte e três mestres, um de harmonia para a orquestra, outro de canto para o coro e um terceiro chamado de sala, para se ocupar com a parte coreográfica. Tia Ciata e Tia Bebiana eram tão respeitadas que todos os ranchos que saiam no carnaval tinham a obrigação de cumprimentá-las. O Rancho que não cumprisse a formalidade era considerado como não tendo saído no Carnaval.
 
Tia Ciata conheceu João Baptista da Silva, também da Bahia e bem situado na vida, havendo estudado até o 2º ano de medicina na Bahia. Tiveram uma relação longa, definitiva e fundamental na sua própria afirmação no meio negro. Com João Baptista teve 15 filhos, entre os quais Glicéria , Sinhá Velha, Fatumã (porta-bandeira do Rosa Branca, Celeste  e o caçula João Paulo que, a exemplo do pai, também estudaria medicina . Entre os netos, Bucy Moreira (compositor e batuqueiro) Ministrinho da Cuíca, Dino e Santa.
 
Naquela época, o samba era proibido e para que houvesse as festas, era necessário pedir uma licença na chefatura de polícia. A polícia vigiava as reuniões dos negros (tanto o samba como o candomblé). Porém, tia Ciata tinha o aval da polícia através do marido funcionário público de alto coturno. Foi neste ambiente que Pixinguinha, Donga, João da Baiana e Heitor dos Prazeres, ainda crianças, começaram nas tradições musicais baianas.
 
Passista de pés leves, Tia Ciata dançava nas festas. Além de vender seus quitutes, começou a aumentar sua renda familiar alugando roupas de baianas a teatros e também para o Carnaval. Depois que tia Ciata entrou no comércio de roupas, tornou-se folclórico assistir a um pagode na casa das baianas. Tia Ciata já tinha seu prestigio no meio negro e sabia usar o fato de ser viúva de funcionário público. Seu marido morrera em 1910.
 
Sempre vestida de baiana e estampando a sua autoridade, seu bom humor e sua solidariedade, ficava cada vez mais conhecida, mantendo relações com pessoas de toda a cidade, chegando ao ponto de ter vários soldados do Coronel Costa garantindo suas festas. Nesse período, os brancos das elites não eram vistos como inimigos e nem claramente responsabilizados pela escravatura. O negro se opunha ao branco pela diversidade cultural. Os baianos, a exemplo do que se faz até hoje em Salvador, saíam no Carnaval em blocos, cordões e rodas de batucadas. Como naquela época não havia rádio, compositores lançavam sua músicas nas festas de Largo.
 
Com o tempo, os ranchos ganharam as praças da Zona Sul do Rio de Janeiro, principalmente Botafogo, Gávea, Laranjeiras e Catete. O Rancho Rosa Branca foi criado em 1907, tendo à sua frente Hilário, Tia Ciata, Tia Bibiana e Mestre Germano. Como eram pioneiros tinham, inclusive, autoridade reconhecida pelas demais agremiações para inspecionar os trabalhos de todos os ranchos, comunicando pela imprensa o cumprimento das exigências para que os ranchos desfilassem. Tia Ciata e Hilário tinham uma estreita ligação. Nasceram no mesmo dia e se tratavam nas rodas de sambas como "Xará", já que tia Ciata se chamava Hilária. Hilário baiano foi para o Rio de Janeiro em 1872, quatro anos antes de tia Ciata. E por isso já estava mais acostumado com a cidade.  Eram líderes natos entre os negros da época. Ciata com espírito agregador, familiar e religioso Hilário ou Lalau de Ouro era sensual, feiticeiro e polêmico.
 
Tia Ciata ficou viúva em 1910 e, algum tempo depois, morre Tia Bibiana. Tia Ciata muda-se para a Visconde de Itaúna, rua em que passava o carnaval para a Praça Onze. Veio a falecer aos 70 anos de idade. Em 2004, teve os 150 anos de seu nascimento comemorados no Centro Cultural José Bonifácio, no bairro carioca da Gamboa, no show "Afro memória" com arranjos, direção e roteiro do cantor e compositor Mombaça e participação da atriz Neusa Borges vivendo o papel de Tia Ciata. Na Bahia, a sua memória muito pouco é lembrada.

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